Empregados da Energisa trabalham sob ameaças, agressões físicas e psicológicas, acusa sindicato

Documentos revelam os constantes casos de ameaças agressões físicas, psicológicas e risco de morte pelos quais os trabalhadores são submetidos

O eletrotécnico, e também presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas (STIU-MT), Dillon Caporossi apresentou documentos, durante a primeira oitiva realizada no dia 26 novembro (terça-feira) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Assembleia Legislativa para investigar a empresa de energia elétrica de MT, Energisa S.A., responsável pela distribuição de energia elétrica no estado de Mato Grosso, que apontam diversas irregularidades cometidas pela concessionária.

Durante a oitiva conduzida pelo presidente da comissão, deputado Elizeu Nascimento (DC), o sindicalista fez graves denúncias através de vídeo, fotos e documentos. Entre os documentos apresentados existem acusações de que os trabalhadores têm sofrido violência física e moral, cometidas pelos seus superiores e também pelos consumidores, os clientes responsabilizam os funcionários da empresa pela precarização dos serviços e a cobrança dos altos preços nas faturas de energia.

Entre as denúncias apresentadas estão diversos casos que contrariam as normas de segurança regulamentadora das atividades da categoria, como por exemplo, insalubridade no trabalho, expondo os empregados a agentes nocivos à saúde, assédio moral, exposição dos funcionários a situações humilhantes e constrangedoras e ainda tem casos de ameaças e agressões físicas.

Entre as acusações contra empresa estão a de obrigar as equipes a trabalhar sob forte chuva, colocando a vida dos trabalhadores em risco.

Condições degradantes de banheiros, com o número de sanitários muito inferior a quantidade de funcionários nos locais de trabalho.

Prática de assédio moral com ameaças de demissões, durante reuniões com os funcionários que sofreram algum tipo de acidente.

Imposições de metas sem condições de ser cumpridas, 500 leituras por dia.

Durante as viagens, os trabalhadores são obrigados a se hospedar em condições precárias e consumir somente três garrafas de 495 ml de água mineral, quantidade insuficiente para repor a perda de líquido durante horas de trabalho embaixo do sol causticante de Mato Grosso.

Criação de grupo de Whatsapp, pelos coordenadores, com objetivo de constranger e pressionar trabalhadores que não teriam cumprido metas estabelecidas, de modo irracional, definidas fora da realidade do estado de Mato Grosso.

O sindicato também denúncia a falta de segurança nos postos de trabalho da empresa, pois em razão da falta de pessoal para uma prestação de serviço eficiente, muitas ordens de serviço, não são cumpridas dentro do prazo, e isso causa revolta nos consumidores, levando-os a atentar contra a vida dos empregados da Energisa.

As ameaças diretas, de consumidores que culpam os funcionários pela má prestação dos serviços, são diversas, alguns dos casos citados são a de consumidor que adentrou na agencia comercial do bairro Morada do Ouro em Cuiabá, com um galão de gasolina ameaçando atear fogo na empresa e também nos empregados. Outro cliente, também na capital de MT/ Polo Coxipó, cobrou a religação de sua energia armado com um revolver, o prazo para a restituição da energia da residencia dele já havia vencido a mais de 24 horas. Na cidade de Várzea Grande também aconteceu caso de ameaças com cliente portando arma de fogo.

Conforme consta nos balanços patrimoniais da Empresa Energisa entre os anos de 2014 e 2018, o número de trabalhadores próprios e terceirizados diminuiu de 3.800 para 3.218, ou seja 582 trabalhadores a menos. Nesse mesmo período, a rede de distribuição de energia elétrica em Mato Grosso cresceu de 114.616 Km para 184.847 km, esse crescimento representa 70.231 km de rede de distribuição a mais. O número de clientes aumentou de 1.269.581 para 1.403.565, um acréscimo de 133.984 consumidores. O número de trabalhadores suficientes para atender os quadros da empresa seria de 6.129 funcionários. Não foram divulgados dados referentes a contratações pela empresa, no ano de 2019.

Após inúmeras reclamações da população de Mato Grosso e de um abaixo-assinado nas redes sociais, pedindo que a empresa fosse investigada, por constantes aumentos nas faturas de energia, o deputado estadual Elizeu Nascimento, apresentou na Assembleia Legislativa, um requerimento para a instauração da “CPI da Energisa” que foi instalada no dia 08 de outubro, na Assembleia Legislativa.

“Todas as denúncias, levadas ao conhecimento da Comissão Parlamentar de Inquérito pelo sindicalista Dillon Caporossi e por outras pessoas, serão rigorosamente apuradas e, caso comprovadas, providências cabíveis serão tomadas”, declarou Elizeu Nascimento.

Das 11 concessões que a Energisa possui no país, quatro estão sendo investigadas no Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

A partir da instauração, a comissão terá 180 dias para apurar os indícios de irregularidades.

Por Gabriela Bomdespacho Von Eye

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